A melhoria do cenário econômico vêm impulsionando as empresas brasileiras a buscarem captações de recursos financeiros que podem atingir a cifra de R$ 40 bilhões. Os caminhos para chegar lá vão desde de ofertas de ações na Bolsa de Valores (B3) a emissões de títulos de dívida, tanto no mercado local quanto no exterior, além de alternativas mais tradicionais junto as Instituições Financeiras. Boa parte desses recursos deve ser destinada ao pagamento ou alongamento de dívidas, por outro lado, empresas como Suzano, CSN, Localiza e Direcional também planejam utilizar o dinheiro para investimentos e expansão.
Para compreender o nível de melhora, recentemente, a Petrobras emitiu US$ 1,25 bilhão (equivalente a 5,95 bilhões de Reais) em bonds de 10 anos, pagando uma taxa de juros de 6,625% a.a. Outra operação realizada pela Cosan reforça a tese, ela captou US$ 550 milhões em bonds de 7 anos. Estes dois casos não são únicos, outros devem surgir, não somente para empresas de capital aberto, mas também para aquelas de capital fechado.
Durante vários meses, as empresas brasileiras enfrentaram dificuldades para acessar recursos tanto no mercado interno como no exterior devido a fatores internos e externos, cenário que deve mudar nos próximos meses.
A reabertura da janela do mercado de capitais acelerou uma agenda de operações que estava prevista para o final do segundo semestre e inicio de 2024. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, decidiu pausar o aumento das taxas de juros. No setor financeiro, as quebras de bancos americanos e europeus, que assustaram os investidores ficaram no passado.
Por aqui, no mercado doméstico, a mudança de perspectiva da classificação de risco do Brasil pela Standard & Poor’s (S&P), aliada a redução da inflação e a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara, bem como a expectativa de queda dos juros a partir da próxima agenda do Copom em agosto têm sido alguns dos fatores que estimularam a melhora do mercado, revertendo as dificuldades do primeiro semestre deste ano.
Para reforçar ainda mais a teoria, nesta semana estão programadas três ofertas de ações (follow-on) pelas empresas Localiza, Vamos e Direcional. Somente a Localiza pode captar no mercado local R$ 4,5 bilhões. Na semana passada, duas ofertas tiveram demanda acima do esperado, a da CVC e a da Oncoclínicas. Ambas as empresas utilizaram parte dos recursos para tratar o endividamento. No segmento de debêntures, a Cemig, empresa estatal de energia elétrica de Minas Gerais, captou R$ 2 bilhões, a Iguá, do setor de saneamento, está captando R$ 3,8 bilhões, e a Suzano planeja levantar R$ 1,5 bilhão.
Felipe Thut, diretor-geral do Bradesco BBI, acredita que o total de follow-ons deste ano deve ultrapassar os R$ 24 bilhões de 2022. Segundo ele, a “nuvem de incerteza começou a se dissipar”, o que foi transmitido em um evento realizado em Londres para investidores internacionais, mostrando que estão prontos para participar novamente das operações na Bolsa.
Mauro Storino, diretor sênior da Fitch Ratings, afirma que é natural para as empresas buscarem constantemente captações para investimentos ou rolagem de dívidas. No entanto, ele destaca que as operações planejadas para o primeiro semestre foram impactadas pelos eventos.
Fonte: Istoé Dinheiro